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OPINIÃO: É preciso combater o lobo

Por mais que algumas candidaturas à presidência da República Federativa do Brasil afirmam ser novas ou diferentes, cabe ao eleitor analisar e ficar atento às propostas apresentadas. A maioria dos candidatos afirma que quer mudar o país. Muitos deles mudaram várias vezes de partido e também criaram novas siglas. Mas a cabeça do processo é a mesma e as ideias, também. É o velho travestido de novo, maquiado, lindo, cheiroso, colorido. É o lobo vestido em pele de cordeiro.

Tem gente que dançou juntinho com o candidato da mudança em 2014 e ingressa agora na parceria do ninho para tentar fazer a chapa emplacar. Em comum, o amor doentio pela privatização do patrimônio nacional para tornar o país cada vez mais submisso e dependente dos interesses internacionais. Tem candidato que não entende nada de economia, saúde, educação, mas vai armar a população para garantir a segurança dela. Se não bastasse isso, é fã do período ditatorial e prega o ódio aos movimentos sociais, comunidade LGBT, negros, quilombolas etc. Ainda bate continência para a bandeira dos Estados Unidos.

Tem, ainda, candidatos que defendem as reformas Trabalhista (terceirização e CLT esfacelada) e da Previdência (maior contribuição dos trabalhadores e tempo/idade para aposentadoria), além da nefasta Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos por 20 anos e arrebenta com a maioria da população menos favorecida. Apoiam o regime de partilha do pré-sal brasileiro, a isenção fiscal a petroleiras estrangeiras e a privatização da Eletrobras. Os mesmos olham de cara torta para mais investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas escolas e universidades públicas. Também estão se lixando para a diminuição do uso de agrotóxicos nas lavouras. Pregam a redução da maioridade penal, são favoráveis ao projeto da escola sem partido e contrários à reforma agrária, investimentos na agricultura familiar e taxação de grandes heranças e fortunas.

O pior de tudo isso é que uma parcela dos menos favorecidos e boa parte da classe média brasileira acreditam nos "novos velhos Messias". Sonham em mudar de classe a qualquer preço, mas equivocam-se na escolha do (s) representante (s), que estão mais interessados em aumentar a sua própria riqueza e poder, e tê-los como subalternos e serviçais. O pior cego é aquele que não quer enxergar e delira ao ouvir discursos rasos e incoerentes, nos quais o dominador manda e o dominado obedece.

Para a elite financeira brasileira, a cena social precisa ser mantida. Quem nasceu pobre, deve crescer pobre e morrer pobre. Afinal de contas, "as oportunidades existem, porém, nem todos sabem aproveitá-las". Trata-se de um pensamento que deve ser combatido.

Vale ressaltar que o mercado financeiro não vota. Ele injeta, sim, muito dinheiro nos seus representantes, mas quem vota é o eleitor e a eleitora, os Josés e as Marias. São eles que escolhem. Então, não são os suseranos que vão lutar pela melhoria de vida dos vassalos. Os livros de história apontam e explicam isso havia séculos. Também não é preciso ler "O Capital", de Karl Marx, em que o autor faz da sua obra uma ferramenta de análise crítica, teórica e prática do capitalismo. O sociólogo brasileiro Jessé de Souza, em "A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato (2017)" e "A radiografia do golpe: entenda como e por que você foi enganado (2016)", já explica bem direitinho o assunto em pauta.

Por enquanto, o lamento fica por conta da dividida e vaidosa esquerda brasileira, na qual seus representantes na eleição de outubro ainda não acordaram, efetivamente, para o risco de o Brasil seguir governado pelos "vendilhões da Pátria". Mas ainda há tempo de reverter o quadro. Basta inteligência, humildade e bom senso.

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